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Monday, November 8, 2010

Psicoterapia Interpessoal


Após ter concluído o primeiro nível de formação em Psicoterapia Interpessoal, creio ser importante esclarecer em que consiste este tipo de terapia na qual continuarei a evoluir. A informação que aqui colocarei foi retirada da página da Sociedade Portuguesa de Psicoterapia Interpessoal.

"A Psicoterapia Interpessoal (TIP) é uma psicoterapia estruturada, com manual de aplicação, desenvolvida como terapêutica para a depressão major e com uma duração breve e limitada (12 a 16 semanas).

Surgiu nos Estados Unidos durante a década de 80, tendo como autores fundadores Myrna Weissman e Gerald Klerman, que publicaram o primeiro manual de aplicação da TIP em 1984.

Tem dois objectivos são fundamentais: reduzir os sintomas depressivos e melhorar o funcionamento interpessoal. O método consiste em aumentar a eficácia da comunicação entre as pessoas e rever as suas expectativas face aos relacionamentos. É esta valorização da dimensão interpessoal que confere especificidade à TIP.

A sua base teórica assenta sobretudo na teoria da vinculação proposta por Bowlby, a qual é operacionalizada num modelo psicoterapêutico breve. Um dos passos iniciais da TIP, para pesquisar sistematicamente as relações, sobretudo as actuais, mas também passadas, para a pessoa em terapia, chama-se inventário interpessoal. É um método que tenta caracterizar expectativas, aspectos negativos e positivos, satisfação de necessidades, com vista à formulação de hipóteses sobre a sua vinculação e o seu funcionamento interpessoal, e ainda à importância relativa que atribui aos outros na sua vida.

A TIP utiliza ainda algumas técnicas próprias, com destaque para a análise comunicacional de incidentes interpessoais. Esta técnica permite detalhar e clarificar a comunicação interpessoal em situações relacionais consideradas importantes para o desenvolvimento ou manutenção da depressão.

A TIP é uma psicoterapia focada numa de 4 áreas problema que se associam à depressão: luto, conflitos interpessoais, transições de papel (exºs: casamento, reforma, promoção) e défices interpessoais. O modelo geral de aplicação da TIP decorre em 3 fases (inicial, intermédia e final), mas com especificidades de acordo com o foco escolhido.

Desde 1993 que a TIP é integrada em guidelines internacionais para o tratamento agudo da depressão major de intensidade ligeira a moderada. É uma psicoterapia baseada na evidência e com muitos estudos que provaram a sua eficácia (mais 200), sendo uma das psicoterapias com melhores resultados no tratamento da depressão aplicada isoladamente ou associada a medicação antidepressiva.

A TIP com algumas mudanças de técnica tem sido utilizada noutras patologias depressivas, como a perturbação bipolar e a perturbação distímica (depressão crónica), e noutras não depressivas como a bulimia nervosa, a fobia social, e ainda em populações específicas, como os adolescentes ou os idosos.
Na perturbação bipolar a TIP é integrada no tratamento farmacológico, através de um método terapêutico que tenta conjugar a estabilização dos comportamentos quotidianos, como o sono, com a detecção pelo próprio da relação entre as alteração do humor e acontecimentos de vida, nomeadamente os interpessoais.

Na perturbação distímica (depressão crónica) a TIP tem sido utilizada em conjunto com medicamentos procurando desenvolver um novo funcionamento interpessoal não depressivo. É comum nestas pessoas haverem défices sociais, com rede de apoio muito reduzida, dificultando a aplicação da TIP.

Na bulimia nervosa, a TIP utiliza com eficácia a associação entre circunstâncias relacionais e o aparecimento de crises bulímicas. O formato de grupo também tem sido eficaz.
Nas perturbações de ansiedade como a fobia social, a TIP procura desenvolver um funcionamento interpessoal diferente do comportamento de evitamento sistemático das situações sociais, o qual origina muitas vezes isolamento importante. A eficácia da TIP assemelha-se ao tratamento usual destas perturbações.

Nos adolescentes a TIP mostrou-se eficaz no tratamento da depressão aguda, beneficiando de algumas mudanças de técnica, nomeadamente maior flexibilidade, manutenção do apoio ao crescimento e responsabilidade do adolescente e envolvimento de outras pessoas importantes, como os pais e professores (com permissão do adolescente).

Na população idosa a TIP associada a medicação, mostrou-se eficaz tanto na depressão aguda como na profilaxia das recorrências, contrariando a tendência habitual de considerar a população idosa menos indicada para abordagem psicoterapêuticas."