http://www.facebook.com/youzen.psicologiaemeditacao

Monday, June 29, 2009

Thursday, June 25, 2009

O Caso de Danielle ou a Menina que Não Sabia Sorrir


“A rapariga na janela” foi a reportagem vencedora do maior prémio em jornalismo deste ano – o Pulitzer. Escrita pela jornalista Lane DeGregory, conta-nos a história da menina Danielle (EUA), encontrada pelos Serviços Sociais e pela Polícia num pequeno quarto, enrolada, devorada pelas baratas, sem sorrir, sem manifestar sinais de dor, tristeza ou medo. Esta menina estava a um passo da morte quando foi entregue ao Hospital. Para além de uma alimentação extremamente precária, nunca tinha recebido quaisquer gestos de afecto ou protecção. A menina, que foi parar a uma instituição, acabou por ser adoptada por uma família algum tempo depois. Sem falar ou mesmo sem saber usar os maxilares (porque nunca tinha comido comidas sólidas até aos 7 anos de idade), Danielle encontrou na nova família os alicerces para que esta história – ao contrário da maior parte – se encaminhasse para um desfecho mais feliz. O seu novo irmão, apenas um ano mais velho, deu-lhe o seu quarto com janela, entregou-lhe os seus brinquedos e ensinou-a a esboçar um sorriso.

A psicóloga que a acompanhou, Kathleen Armstrong, designou esta situação de Autismo Ambiental (provocado pelo ambiente e contexto familiar). No entanto, Danielle sabe agora que tem a protecção da sua família e que o Mundo existe para ser explorado. Ao nosso lado existem muitas Danielles. Muitas meninas e meninos que vivem situações de abandono e abuso dentro do seio familiar. Crianças que andam nuas, devoradas por todo o tipo de parasitas, deitadas nos seus excrementos, à espera do fim. A minha experiência profissional mostrou-me muitos meninos e meninas como Danielle. Dia 1 de Junho é o dia da Criança. Nos Estados Unidos Danielle foi salva pelo alerta de um vizinho. Até quando vai fechar os olhos?

Monday, June 22, 2009

Saturday, June 20, 2009

Nova Pagina!


Car@s amig@s

para além deste Blog que continuará sempre a funcionar de forma dinâmica e interactiva, foi agora desenvolvida uma página WEB onde algumas destas informações e contactos também estarão disponíveis.

Visitem-na em:

http://tatianasantos.jimdo.com

Thursday, June 18, 2009

Porque rir é terapêutico...

... Tudo o que for MontyPython é, certamente, recomendado para a saúde!

Iniciação ao Teatro Playback


O espaço SOU em Lisboa recebe um workshop de iniciação ao Teatro Playback nos dias 20 e 21 de Junho, das 14h às 18h30. Este workshop é ministrado por José Marques, fundador e orientador do Teatro Imediato, o primeiro grupo português que pratica este tipo de teatro interactivo, baseado no psicodrama, que visa aproximar as pessoas e criar um espírito de comunidade entre elas.

Para além da formação propriamente, os participantes do workshop poderão tomar parte nos ensaios do Teatro Imediato dos dias 17 e 25 de Junho. Estes ensaios decorrem na Oficina da Pessoa, também em Lisboa, a partir das 20h30.

O workshop visa iniciar os participantes na técnica e razão de ser do Teatro Playback, incluindo o seu contexto no mundo actual e em Portugal. O workshop começa com exercícios de aquecimento, aos quais se segue a explanação de algumas variações da “forma curta” que, numa representação de teatro playback, serve para preparar tanto o público como os performers para representações mais elaboradas. Segue-se a explanação da “forma longa” do playback, que constitui o coração desta técnica e que se traduz na representação de uma história verídica e pessoal.

Este workshop destina-se ao público e geral, revestindo-se de interesse acrescido para estudantes e profissionais de teatro, psicologia, educação e animação social, entre outras áreas.



As inscrições podem ser efectuadas no através do blog do SOU (http://soumovimento.blogspot.com) ou do n.º de telemóvel 927340852.

Contactos para mais informações:

Teatro Imediato - http://teatroimediato.weebly.com

teatroimediato@gmail.com

José Marques - 914366161

Tuesday, June 16, 2009

Regras nascidas do Medo!


Há muito que as civilizações encontraram uma solução eficaz e cómoda para ditar regras e educar as massas: o medo! Correu bem à Igreja Católica com todos os seus mitos diabólicos, de almas ardendo no Inferno ou do arrependimento para absolvição... quando era dada oportunidade para isso. Corre, aparentemente, bem a todos nós que educamos os nossos filhos com histórias arrepiantes para que rapidamente se consigam assimilar uma série de normas sociais difíceis de passar por outra via. São os papões, quando há um comportamento para punir, são os contos em que crianças são devoradas, em que meninos se perdem em florestas escuras e viagens alucinantes com rainhas que cortam cabeças em universos paralelos.

A fantasia é assim mesmo. Excitante e assustadora. A alguns provoca angústia e pânico. A outros dá asas para sonhos mais altos. Contudo serve um fim muito concreto: moldar e passar um testemunho. Necessária quanto baste e sempre, sempre acompanhada de uma boa pedagogia porque o comportamento tem de ser - acima de tudo - compreendido e não seguido por temer consequências. Quando assim é... um dia, o medo pode perder-se e então, não há mais razões para reprimir os impulsos.

Thursday, June 11, 2009

Explicações - Acompanhamento Psicopedagógico

Clínica Social - desconto para estudantes, reformados e desempregados


Para além dos serviços disponibilizados em Alverca, Lisboa e Setúbal, existe agora uma nova opção pois não se deve permitir que, por falta de condições financeiras, alguém seja privado de apoio Psicológico. Assim, para desempregados, estudantes e reformados, será facultado o apoio Psicológico (em Sesimbra) a preço social.

Se deseja efectuar uma marcação e se o seu caso é um dos acima descritos, ligue para o 936783972 ou envie um e-mail para tatiana.a.santos@clix.pt. Poderá marcar consoante o dia que lhe seja mais favorável trazendo, para isso, o comprovativo da situação que justifica a consulta a preço social (cartão de estudante, recibo de reforma ou inscrição no seu centro de emprego local para situação de desemprego).

Mais informações: ver contactos na barra lateral

Thursday, June 4, 2009

AS HORAS (análise Psicológica do filme)

NOTA: A análise deste filme é detalhada e inclui revelação do final do mesmo e esclarecimentos acerca das personagens. Não recomendado a quem não viu o filme e pretende o efeito surpresa.


Mors Liberatrix

"Na tua mão, sombrio cavaleiro,
Cavaleiro vestido de armas pretas,
Brilha uma espada feita de cometas,
Que rasga a escuridão, como um luzeiro.

Caminhas no teu curso aventureiro,
Todo envolto na noite que projectas...
Só o gládio de luz com fulvas betas
Emerge do sinistro nevoeiro.

- «Se esta espada que empunho é coruscante
(Responde o negro cavaleiro andante),
É porque esta é a espada da Verdade:
Firo mas salvo... Prostro e desbarato,

Mas consolo... Subverto, mas resgato...
E, sendo a Morte, sou a liberdade.»"


Antero de Quental


A HISTÓRIA


As primeiras imagens de «As Horas» são bruscas, angustiantes e dolorosas. Assim terá sido para quem foi retratado no filme. Assim o sentirão certamente todos os espectadores. Sofrimento, dor e uma carta de despedida. Virgínia Woolf suicida-se finalmente no rio Ouse, em Sussex, com 59 anos e após inúmeras tentativas falhadas.

1923: Virginia vive nos subúrbios de Londres. Revela presença de alucinações auditivas, humor deprimido, pessimismo, sentimento de vazio, desintegração, fatalismo, falta de apetite… para além disso sabe-se, ao longo do filme, que tem um historial de internamentos e tentativas de suicídio. Aquando do início do filme, prepara os manuscritos do seu romance «Mrs. Dalloway». Laura Brown é uma deprimida dona-de-casa em Los Angeles, lendo «Mrs. Dalloway» em 1959 e Clarissa Vaughn, uma editora de livros que vive actualmente na West 10th Street, em Greenwich Village.

Três mulheres, três facetas de uma personagem, três reflexos de Virgínia. Woolf (ela própria), Laura e Clarissa são, respectivamente, as três faces de «Mrs. Dalloway» - a que escreve, a que lê e a que vive a acção. Três pessoas que transportam encerrados em si mesmas os sintomas, frustrações e angústias de Virgínia Woolf.

A história de Clarissa é a peça-chave. Chamada de Mrs. Dalloway por um amigo e ex-amante Richard - um atormentado poeta homossexual, seropositivo em fase terminal que, mais tarde se percebe, ser filho da personagem Laura. Clarissa vive com Sally há 18 anos. A jovem Julia, filha de Clarissa é filha de «nada mais do que uma proveta numerada».

A insatisfação une as personagens. Virgínia, luta para sair de um local que a sufoca onde vive aprisionada dentro de casa e rodeada de médicos. Combina fases de depressão com episódios maníacos em que, simplesmente, coloca o chapéu e dirige-se à estação de comboios para regressar a Londres. Nessas alturas sente falta do movimento e energia da capital e não suporta a viver no campo.

Insatisfação de Laura que assumiu um papel que nunca fora o seu. Abandonou os sonhos para ficar em casa, ser esposa e mãe a tempo inteiro. Dia após dia esse pensamento a frustra. Também nela se encontram sintomas da fase mais depressiva de Virgínia. O isolamento, a lentificação, a tristeza permanente, a ideação suicida. No entanto Laura escolhe a vida e abdica do que a angústia: o marido e os filhos. Parte para o Canadá para começar de novo.

Insatisfação de Clarissa que fora trocada por um homem na relação que tinha com Richard. Insatisfação por se esconder atrás de uma máscara de sucesso e boa disposição, camuflando-se com festas e homenagens quando por dentro sofre a dor de estar a perder o amigo e o homem que ainda ama para a SIDA.

AS PERSONAGENS


A. Virgínia Woolf (Nicole Kidman)

Profissão: escritora

Estado civil: Casada

Sintomas clínicos:
Alucinações auditivas, humor deprimido, pessimismo, sentimento de vazio, fatalismo, falta de apetite, historial de internamentos, três tentativas de suicídio (uma concretizada), frustração e não identificação com a vida que leva, lentificação alternada com momentos de agitação e ansiedade.

Percurso:
Vivia em Londres, é casada. Devido às suas crises e internamentos é recomendado que se mude para o campo - Richmond. Sente-se aprisionada. Vê a prisão como o estar afastada da energia e movimento da capital, rodeada de médicos e isolada de todos. Vê-se confrontada com um silêncio aterrador.

Passa o tempo com os seus livros. Não tem estímulos exteriores que permitam uma fuga à sua doença. Ela e a sua sombra.

Diagnóstico: Doença Bipolar (Maníaco-Depressiva)

Virgínia vive numa dimensão intemporal, trilha o seu caminho existencial sem a percepção futura do fim. A morte constitui-se como uma possibilidade, um afluente que permite a fuga ao terrível jugo das horas.

No filme «As Horas», a vida interna de Virgínia traduz-se também no espaço. A inércia, o silêncio e a quietude bucólica de Richmond que reflecte o pólo depressivo de Virgínia e a azafama electrizante de Londres, o seu pólo maníaco. Virginal no seu pólo maníaco não suporta o contraste que existe em Richmond, sente-a como uma prisão da qual procura uma fuga imediata.

Por outro lado poderemos especular que a energia londrina, seria vivenciada de outra forma por Virgínia quando o pólo depressivo se instala. A fuga e a retracção surgem como formas projectivas de evitamento. Foge-se do espaço, na impossibilidade de fugir de si mesmo. O espaço de aprisionamento de Virgínia aparece em diversas camadas. Virgínia está encarcerada na infinitude de Richmond, em sua casa e no seu próprio corpo.


B. Laura (McGrath) Brown (interpretada por Julian Moore)

Profissão: doméstica

Estado civil: Casada (com um filho, grávida de uma menina)

Sintomas clínicos:
Humor deprimido, pessimismo, sentimento de vazio e incompletude, ambivalência afectiva, hipersómnia, lentificação psicomotora e cognitiva, ideação suicida grave com plano, já apresentava um padrão de isolamento e introversão na adolescência

Percurso:
Casa com um retornado de guerra e adopta uma vida caseira e familiar com a qual não se identifica minimamente. Torna-se dona-de-casa, mãe e esposa e isso angustia-a. Vê na sua vizinha (Kitty) aquilo que ambicionava para a sua vida.

Há uma incapacidade de mudança, um sentimento de fatalismo e vazio para o qual a morte é a única saída. Pensa suicidar-se mas opta por viver. Para que isso aconteça tem de abdicar do que a faz sofrer: a família. Abandona os filhos e parte para o Canadá.

Frase:
«Que significado tem o arrependimento não existindo alternativa?» (Laura Brown)

Representa: a insatisfação, frustração, fatalismo e ausência de soluções de Virgínia Woolf – mors liberatrix

Identificação com Virginia: «A minha vida foi-me roubada. Vivo uma vida que não me apetece viver. Luto sozinha na escuridão... na treva absoluta» (Virgínia Woolf)


C. Richard Brown (interpretado por Ed Harris)

Filho abandonado de Laura Brown

Profissão: poeta, escritor


Estado civil: solteiro (homossexual sem relacionamento estável)

Sintomas clínicos:
Doente terminal de SIDA, alucinações auditivas e visuais, alterações físicas provocadas pela doença, labilidade afectiva, ideação suicida subjacente ao estado terminal em que se encontra.

Percurso:
É abandonado pela mãe. Tem um relacionamento breve mas significativo com Clarissa Vaughn. Deixa-a por Louis mas mantém com ela uma relação muito próxima de amizade e cumplicidade. Evita o contacto com a mãe. O seu abandono marcou-o muito. O pai morreu de cancro, bem como a irmã mais nova. Tornou-se um poeta e escritor conceituado e premiado no entanto, na fase final, rejeita o reconhecimento e os prémios. Vive através dos seus livros o abandono da mãe que nunca foi um contentor das suas angústias e os sentimentos de morte constantes.

Representa: a incompreensão, o sentimento de abandono e desespero face a uma doença que não tem solução – ser para a morte.

Identificação com Virginia: «Alguém tem de morrer para que possamos valorizar mais a vida. Morre o poeta, o visionário» (Virgínia Woolf)

Richard cresce na ausência de segurança e afecto por parte da mãe. Não há envolvimento. Laura Brown mantém sempre o seu «bicharoco» a uma distância suficiente, que lhe permita não entrar no seu espaço [de Richard].

Quando é abandonado na casa da ama, Richard fantasia o regresso da mãe construindo uma casa e acabando, finalmente, por a destruir. Rejeita a mãe que o rejeitou.
Com o nascimento de sua irmã, Richard é abandonado por Laura Brown e vê o seu pai e a sua irmã morrerem de cancro.

É em Clarissa que Richard encontra os cuidados maternos, ausentes na sua infância. Clarissa sofre uma metamorfose no breve envolvimento que teve com Richard. Torna-se «Mrs Dalloway», a mãe que lhe presta cuidados e amor incondicional.


D. Clarissa Vaughn (interpretada por Meryl Streep)

Amiga, confidente, ex-namorada e «mãe» de Richard

Profissão: redactora numa revista


Estado civil:
união de facto (lésbica, vive com Sally há 10 anos, tem uma filha por inseminação artificial - Julia)

Sintomas clínicos:
Ansiedade, traços de neuroticismo, perturbação da personalidade dependente, instabilidade afectiva

Percurso:
Manteve sempre contacto próximo com Richard e tomou conta dele em todos os momentos. A sua própria vida era organizada em função da agenda de Richard. Clarissa usa e abusa da racionalização para conseguir encaixar tudo na sua vida rigorosa e justificada. Para não sentir, para não viver… no entanto, acaba por ser confrontada com os seus sentimentos.

Nos últimos anos de vida do poeta, Clarissa tratou-o como a «mãe» que ele nunca tivera. Richard chamava-lhe «Mrs. Dalloway» (livro de cabeceira de sua mãe, Laura Brown). Clarissa constantemente organizava festas que Richard dizia serem para «calar o silêncio».

Clarissa fica aprisionada na doença de Richard, fica sua refém. A representação da mãe de Richard é tão má que seria quase insuportável para Clarissa abandonar Richard também, por isso acaba por abdicar da sua vida e viver em função dele.

Frase: «Sinto-me a desfazer » (Clarissa Vaughn)

Representa: conflito interno/externo: independência vs. dependência, organização externa vs. desorganização interna.


Identificação com Virginia:
«Achas que um dia consigo escapar?» (Virgínia Woolf)

Análise feita em parceria com o Dr. Gonçalo Aires de Oliveira (Psicólogo, Investigador Científico na área da Psiconeuroendocrinologia)

Progeria ou síndrome de Hutchinson-Gilford



A Progeria ou síndrome de Hutchinson-Gilford, é uma doença genética da infância extremamente rara. Consiste no envelhecimento acelerado (cerca de sete vezes em relação à taxa normal). Uma criança com Progeria tem uma expectativa média de vida de 14 anos para as meninas e 16 para os meninos. Acabam por morrer, maioritariamente, devido a Aterosclerose.

Felizmente, trata-se de uma doença que atinge 1 entre 8 milhões de recém nascidos, daí que seja "Raríssima". Contudo, a inteligência da criança e o seu raciocínio não são afectados o que faz com que se apercebam dolorosamente de todo o processo que os irá conduzir a um final precoce. Esta doença não tem cura.

Em Portugal temos um caso conhecido de Progeria - a Cláudia (já divulgado através dos media nacionais). Temos também uma associação - a Raríssimas (http://www.rarissimas.pt/) que tem feito um trabalho notável no esclarecimento e apoio de doentes e familiares.

Os pacientes (adultos ou não) de doenças raras necessitam de todo o apoio possível. Contudo, nunca podemos descurar a sua família. Uma rede familiar bem apoiada, estruturada consegue responder às necessidades do doente e, muitas vezes, proporcionar ao mesmo momentos de felicidade e qualidade de vida.

"Por uma Mente Sã" - texto in Língua Afiada

Quando o desemprego bate à porta, há quem arregace as mangas e reme obstinadamente contra a corrente, que é o mesmo que dizer «não vou bater à porta, vou arrombá-la».
Tatiana Santos é assim.

Com dois cursos na cartola (Jornalismo pela ESCS e Psicologia Clínica pelo ISPA), uma Pós-Graduação (em Reabilitação e Inserção Social), formações diversas na área da Psicologia e experiência profissional em ambas as áreas, Tatiana sabe bem o que significa a palavra «não». Acontece a quem tem dois cursos bem cotados na bolsa do desemprego.

Fez cursos extra-curriculares, acumulou estágios, colaborações, mas ainda assim as portas teimaram em não se abrir.

O destino quis que se fizesse à estrada.

Tornou-se Psicóloga "itinerante" (ora dá consultas em Alverca ora em Setúbal). Mantém uma coluna quinzenal sobre Saúde Mental no jornal Notícias da Zona e é responsável pelo blog http://cronicasdeumamentesa.blogspot.com/, onde podem seguir os seus conselhos e marcar consultas.

No meio desta lufa, lufa ainda dá formação, explicações (espanhol, comunicação, psicologia, etc) e aulas de desenho e pintura.

Saiba mais sobre esta self-made woman em http://cronicasdeumamentesa.blogspot.com/.
Um exemplo de tenacidade e de "quixotismo", porque muitos lutam contra moinhos de vento, mas nem todos conseguem derrubá-los...

Por "Cabeça na Lua" (uma amiga especial que sempre soube vestir a camisola pela Comunicação e Jornalismo em Portugal. E como vivemos uma democracia, às vezes transformada em qualquer outra coisa inominável, não vou referir o seu nome para que possa continuar a lutar).

In http://linguaafiadanoportugaldospequeninos.blogspot.com/


nota: podes ter a cabeça na Lua amiga mas sempre tiveste os pés muito bem assentes na Terra. Sucesso e Felicidades. Obrigada pelo Post

Wednesday, June 3, 2009

A Luz e a Escuridão

"Light thinks it travels faster than anything but it is wrong. No matter how fast light travels, it finds the darkness has always got there first, and is waiting for it."

"A Luz acredita que se move mais rápido do que qualquer coisa mas está enganada. Não importa a que velocidade a Luz viaja, ela percebe que a Escuridão sempre chega primeiro e a aguarda"
[Terry Pratchett]

Fantasmas...

"Os Monstros existem. Os fantasmas também. Eles vivem dentro de nós e... às vezes ganham" [Stephen King]

Tuesday, June 2, 2009

Cartão - contactos

Monday, June 1, 2009

A "Identidade Roubada" de Gomes da Silva



Segundo Gomes da Silva (1994), a sociedade de princípios dos anos 90 (época em que o texto foi redigido) era caracterizada por uma visão etnocêntrica do mundo. Os Homens do mundo Ocidental tinham tendência para acreditar que o seu saber era o único válido e cientifico. Marx Weber defendia esta teoria. Emile Durkeim, um dos fundadores da Escola Sociológica Francesa (juntamente com Marcel Mauss) pegou na ideia e desenvolveu o princípio de que as sociedades eram mais evoluídas, porque apresentavam uma estratificação que não se verificava nas sociedades ditas «primitivas». A palavra-chave para essas sociedades «primitivas» era semelhança, opondo-se às sociedades consideradas «evoluídas», para as quais a palavra-chave era diferença.

«Tal como os romanos descobriram semelhanças muito grandes entre os artigos germanos, os ditos selvagens produzem o mesmo efeito no Europeu civilizado»

A sociedade Ocidental sempre teve tendência para estabelecer uma comparação em termos de superioridade Vs. inferioridade sem ter em consideração o facto de estarem a observar culturas completamente diferentes, com um distinto modo de ver o mundo. Chegaram mesmo a pensar que aquelas sociedades não eram mais do que simples reflexos deles próprios antes de terem evoluído. Entre a «selva inferior» e a sociedade ocidental «superior» a maior distinção residia numa diferenciação das personagens, uma estratificação do papel do Homem. Acreditava-se que nesses mundos primitivos reinava a uniformidade.

Um dos antropólogos a abordar o tema foi Hobbs. Este autor defendia que não existindo a noção de legitimo e ilegítimo, não existiria também lei ou noção de injustiça. Assim, as sociedades primitivas deveriam ser sociedades agressivas, onde a guerra e a violência assumiriam o papel principal.

Outro dos autores que se debruçou sobre o assunto foi Jean-Jaques Rousseau que continuava a defender a existência de uma uniformidade nessas sociedades. Porém, passou a abordar uma outra perspectiva: Não havendo relações morais, os Homens não poderiam ser bons ou maus. Não tinham vícios ou virtudes. Esta era então uma sociedade isenta de conflitos.

Mas estas teorias não passaram livremente sem criticas. Marcel Mauss acreditava que a diferença era tão importante como a unidade. Na sua opinião, Durkheim estaria a ser demasiado rígido. Garnet, por sua vez, ilustrava as suas teorias com o exemplo do equilíbrio alcançado na China antiga. Os rituais eram responsáveis pela diferença; a musica pela união. Assim, da diferença resultaria o respeito mútuo e da união nasceria o afecto mútuo. Não se deveriam suprimir estas duas características.

Lévi-Strauss era outro dos críticos de Durkheim. Insurgia-se para destronar as suas teorias defendendo que no pensamento selvagem não havia qualquer confusão, mas sim posições diferentes.

Mas como então será formada a primeira sociedade estratificada civil?

Para Rousseau, tudo começou com o primeiro Homem que decidiu delimitar uma propriedade. Tendo os outros acreditado nele e no seu domínio territorial abriam-se assim as portas para a mudança. Os nómadas fixar-se-iam em bandos, a uniformidade cedia lugar à diversidade e era precisamente essa pluralidade de «nações» que iria ser responsável pela criação de um idioma que fosse comum. O Homem começava agora a olhar para o outro e é essa relação eu/outro que nos irá explicar o porquê do título Identidade Roubada.

M. Benoist lançou para a mesa uma nova ideia: para que o sujeito se possa afirmar terá de renunciar a uma relação exclusiva consigo próprio. E é nesta altura que o autor Gomes da Silva nos remete para o mito de Narciso, relatado por Ovídeo.

Quando Narciso nasceu, a sua mãe quis saber se lhe tinha sido concedida uma vida longa. Um adivinho respondia prontamente que sim: «desde que não se conheça a si próprio ( si se non nouerit )» – acrescentava. O recém-nascido poderia sobreviver se renunciasse a uma «relação reflexiva». Mas Narciso vê o seu reflexo e apaixona-se por si próprio, isolando-se de todos até definhar e morrer.

Involuntariamente ou não, a solidão é impossível. Sem a existência e o confronto com o outro, o sujeito deixaria de existir. Assim como o conceito de frio existe em função do conceito de calor ou como a noção de bem é justificada pela ideia de mal. É sempre o outro que nos permite construir uma imagem de nós próprios. É o outro que testemunha os actos do EU, o seu papel e estatuto na sociedade.

Porquê identidade Roubada? Porque essa Identidade apenas existe na presença do outro. Outro que quando desaparece «a rouba», a leva na sua fuga. Apesar de tudo, defende o autor que não nos devemos aproximar sobre risco das nossas identidades relativas se fundirem.

A questão levantada por Gomes da Silva refere-se à existência, ou não, de etnocentrismo. Sustenta o autor que sim. Dizemo-lo nós também, referindo-nos à actual sociedade ocidental em que nos encontramos inseridos.

Tal como Narciso, uma sociedade etnocêntrica que queira impor a sua visão monolítica de cultura, acabará isolada e definhará ou auto-devorar-se-á como o rei agreste do país de Camaaloth. Reza a lenda que este rei se isolou do mundo para não ser convertido à fé cristã pelo bispo Josefeu. Num acesso de loucura acabou por devorar as próprias mãos e estrangular o seu filho com os punhos meio destruídos.

Será que, como o Rei de Camaaloth, iremos devorar as nossas mãos se continuarmos a apostar num isolamento étnico-cultural?

Tatiana A. Santos acerca do livro

A Identidade Roubada
Ensaios de antropologia social
de José Carlos Gomes da Silva
Edição/reimpressão: 1994
Páginas: 216
Editor: Gradiva Publicações
ISBN: 9789726623564
Colecção: Trajectos

A Psicologia do Xadrez



“O Xadrez é tortura mental”
Gary Kasparov

Segundo Reider (1959) nenhum tipo de jogo fornece à psicanálise, tantas oportunidades de investigação e estudo com o Xadrez. Para o autor, trata-se de um jogo que, em si, devido à sua estrutura, cristaliza questões ligadas ao romance familiar, está cheio de simbolismo e pode ainda oferecer, de algum modo, a gratificação ou a sublimação das pulsões. Neste tipo de jogo, diz Reider (1959), existem aqueles que se impressionam com a sua beleza e os que se encantam pelos elementos libidinais mas se sentem, ao mesmo tempo, perturbados pela sua destructividade ao aperceberem-se que a agressão é o núcleo deste jogo. O aspecto fulcral do jogo aborda a supermacia do Homem numa situação de agressividade sublimada. Ainda segundo Reider (1959) o Xadrez é um jogo militar que fornece organização, controlo e regulação num contraste entre a magia e a razão. Jones (1931) desenvolveu a sua teoria acerca deste jogo através da análise feita ao génio americano Paul Morphy. Para o autor, o Xadrez trata-se assim – e neste caso específico – de um jogo que representa a morte e o ataque ao pai (Jones, 1931).

A suportar esta ideia está a teoria de Freud (citado por Herbstman, 1925) relativamente às figuras reais no Xadrez. Nos sonhos e literatura infantil, os pais assumem figuras reais enquanto casal. O Xadrez poderia ser, então, uma elaboração de diversas tentativas de resolução da situação edipiana (Freud, citado por Herbstman, 1925). Fine (1956a), conhecendo por dentro a dinâmica do Xadrez como jogador da modalidade, abdicou da mesma para se dedicar à Psicanálise. De acordo com o autor, que analisou e estudou o funcionamento e vida dos grandes mestres do Xadrez, Boris Spassk, por exemplo, poderá ser visto como o “não-herói” mostrando flexibilidade e bons resultados noutras áreas que não o Xadrez. Boris cresceu durante o cerco a Leninegrado, foi abandonado pelo pai ainda novo e criado pela mãe mas não antes de ter passado uns anos num orfanato. Fine (1956a) considerou-o tendencialmente como uma personalidade depressiva. Por outro lado, Bobby Fisher é figurado como o “herói”. Também foi abandonado pelo pai e criado pela mãe que, curiosamente, se chamava Regina (rainha). Segundo Fine (1956a), Fisher dedicou toda a sua vida ao Xadrez, ao contrário de Spassk. Diz o autor, que Fisher jogaria para satisfazer as suas fantasias de omnipotência.

O Xadrez, para Fine (1956b), trata-se então de uma competição entre dois homens que roça os conflitos relativos à agressão, homossexualidade, masturbação e narcisismo. Estes temas tornam-se particularmente proeminentes nas fases anal-fálica. Pode entender-se como um meio de trabalhar a rivalidade pai-filho (Fine, 1956b). Como figura central existe o Rei – peça que marca todo o jogo e que chega mesmo a dar-lhe nome (Shah = Rei em Persa). É importante, insubstituível mas, ao mesmo tempo, fraco e necessita de protecção. O Rei pode, segundo Fine (1956b), representar várias coisas. O pénis do rapaz na fase fálica e remeter, desse modo, para a ansiedade de castração da altura. Pode estar relacionado com a auto-imagem – questão apelativa para aqueles que se consideram indispensáveis, importantes e insubstituíveis – constituindo um modo de resolver conflitos associados ao narcisismo. Crucial também o facto da figura do Rei poder ser entendida como uma forma de redução do poder paterno à condição e dimensão do filho. Um modo do rapaz dizer ao pai que ali o seu poder está reduzido e também ele é fraco e precisa de apoio. No fundo, o tabuleiro de Xadrez representa para Fine (1956b) toda a complexidade da dinâmica familiar. Os peões podem ser vistos como crianças. Rapazes jovens que nunca se tornarão reis e este elemento marca o aspecto destrutivo da rivalidade. A Rainha, por sua vez, retrata obviamente a figura da mulher, neste caso a mãe. De destacar a sua importância fulcral no ataque ao Rei (pai).

Referências Bibliográficas:

Fine, R. (1956a) Psychoanalytic observation on chess and chess masters. Psychoanalysis, 4, 7-77.

Fine, R. (1956b) The psychology of the chess player. New York: Dover Pub.

Herbstman, A. (1925) Psychoanalysis of chess. Moscow: Contemporary Problems Press.

Jones, E. (1931) The Problem of Paul Morphy: A Contribution to the Psychoanalysis of Chess International Journal Psychoanalysis, 12, 1-23.

Reider, N. (1959) Chess, Oedipus, and the Mater Dolorosa. International Journal of Psycho-Analysis, 40, 320-334.

O Jogo Patológico Como Forma de Perversão



“Experimenta-se uma sensação especial
quando, sozinho, num país estrangeiro,
longe da pátria, dos amigos, não sabendo
o que se vai comer nesse mesmo dia,
se arrisca o último florim, o último, o último!”

Fiódor Dostoiévski In O Jogador

Existem várias características, enunciadas por vários autores, que apontam para que o jogo patológico possa ser percebido como uma forma de masoquismo perverso, logo, uma forma de perversão. Tal como um outro perverso, também o jogador patológico substitui as relações interpessoais por relações deste género. Como se estruturam então estas relações? Segundo Richards (2003) o perverso escolhe um cenário ou elege um objecto, apresenta comportamento compulsivo, prazer na descarga agressiva e, após a obtenção da grandeza, ansiada e idealizada, surge a culpa e a vergonha pelo ataque. Todas estas fases se percebem num jogador patológico. Bem como a relação com um objecto “fetiche”, muitas vezes usado como amuleto em situação de jogo.

Payne (1939) fala da relação da pessoa com o seu “fetiche” e refere que é a mesma que se estabelece com os seus objectos internalizados ou imagos parentais. O “fetiche” é assim usado como forma de protecção do “bom” objecto contra o ataque que ao mesmo tempo o poderá destruir. Eiguer (1999) no seu livro “Pequeno tratado das perversões morais”, dedica um capítulo ao jogador. Segundo o autor, este faz lembrar o adicto – alguém que arrisca a própria vida para obter uma emoção intensa. Eiguer (1999) defende que jogando se põem em cena os tormentos, poupando o jogador de sentir a dor que daí advém. Tratando Deus como igual, o jogador desafia assim as leis da Natureza (Eiguer, 1999).

Já Lacan em 1966 (citado por Eiguer, 1999) decompunha a palavra “pervers” como “per” (père) e “vers”. Ou seja, em direcção ao pai. O jogador é assim, de alguma forma, o interlocutor de um pai simbólico. Nesta forma de perversão, existem dois pólos. Por um lado o triunfo e a omnipotência que podem ser vistos como uma recusa da castração. Por outro, a perda, o declínio que remetem o jogador para os seus próprios limites (Eiguer, 1999, p: 112).

Referências Bibliográficas:

Eiguer, A. (1999) Pequeno tratado das perversões morais. Lisboa: Climepsi.

Payne, S. (1939) Some observations on the Ego development of the fetishist. International Journal of Psychoanalysis, 20, 161-171.

Richards, A. K. (2003) A fresh look at perversion. Journal of the American Psychoanalytic Association, 51 (4), 1199-1218.