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Tuesday, April 20, 2010

A Depressão no Idoso


DO OUTRO LADO DO ESPELHO (Jornal do Pinhal Novo, 20 de Abril 2010)
Tatiana Santos*


A depressão é um distúrbio do humor e pode surgir em qualquer faixa etária. Tendo em conta o aumento da população com mais de 65 anos, a incidência da depressão nesta altura da vida é também cada vez mais frequente. Porque se torna comum o surgimento de quadros depressivos na, chamada, terceira idade? Casos existem em que já há registo de uma personalidade depressiva. Noutros, a depressão pode resultar de uma série de eventos. A reforma acarreta consigo sentimentos de inutilidade e vazio, muitas vezes difíceis de colmatar. A chegada à idade da reforma, conduz muitas pessoas a situações complicadas nas quais se inclui, em alguns casos, ideação suicida.

As doenças crónicas e a incapacidade para levar uma vida com a mesma agilidade de outrora também pode estar na génese de um quadro depressivo. Na sua origem encontramos também em muitos casos depressões resultantes de lutos difíceis. Falamos da perda de um/a companheiro/a de uma vida que implica um desamparo e uma necessidade de restruturação e readaptação.

O desânimo, os problemas de sono, a falta de apetite, a apatia são sintomas possíveis de surgimento de um quadro depressivo. Diariamente, a sociedade exclui centenas de idosos. Novos ritmos de vida, novas necessidades sociais levam a que as famílias não tenham condições monetárias mas, sobretudo, psicológicas para acompanhar os seus idosos. A cultura ocidental não valoriza a sapiência e a experiência de vida, rotulando com facilidade aqueles que – devido às inevitabilidades da evolução humana – perdem capacidade de trabalho.

A depressão na terceira idade não é incomum e chega a levar ao suicídio do idoso. A adaptação a uma casa de repouso e, em alguns casos, a situações de agressividade em que os idosos são vítimas passivas e impotentes, também produz quadros depressivos. É importante que a sociedade se consciencialize acerca das responsabilidades que tem para com os seus idosos. Deve ser ministrada formação específica nesta área aos novos técnicos, valorizar a experiência dos mais velhos como forma de “passagem de testemunho” e, sobretudo, dar o devido acompanhamento durante o processo de envelhecimento para que os eventos marcantes e inevitáveis da vida sejam encarados com mais força e maior dinamismo (reforma, perdas, o próprio envelhecimento do corpo, surgimento de doenças, etc.).



*Psicóloga

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