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Tuesday, July 6, 2010

Sobreviver à perda


Artigo publicado no Jornal do Pinhal Novo, a 06 de Julho de 2010

Sobreviver à perda


Todos sabemos, por experiência mais ou menos directa, o sofrimento que resulta da perda de um ser amado. Perder alguém de quem se gosta é uma situação dolorosa independentemente da pessoa ter falecido ou, simplesmente, nos ter virado costas. Claro que numa situação de morte existem muitas outras variáveis associadas... se houve sofrimento associado, qual a relação com a pessoa, quais as nossas crenças religiosas relativamente à morte. Aquilo em que acreditamento influencia – em muito – a forma como lidaremos com uma situação de perda.

Os católicos choram a perda, reunem-se velando o falecido e prestando-lhe uma última homenagem. Acreditam que irá para um lugar melhor (sobretudo se tiver sido católico praticante e isento de pecados) e enterram-no num cemitério onde já se encontram outros familiares, lembrando-o com flores e velas em momentos especiais (aniversário, dia da morte dia de todos os santos). Os Budistas, por sua vez, praticam a regra do desapego. As pessoas não são nossos objectos aos quais nos devamos agarrar e o corpo tão pouco é nosso pertence. É como um empréstimo que devemos estimar ao máximo enquanto dele necessitamos. Ao ver alguém partir o Budista procura reduzir o seu sofrimento, a sua dor e os seus pensamentos negativos para que a pessoa parta calma e serena. Há quem vista de branco, há quem se carregue de negro. Há os que acreditam que a pessoa irá voltar e os que acham que apenas ao pó regressamos. A forma como somos educados culturalmente ditará o modo como morreremos e até é possível ver aquilo que somos vivos numa “cidade dos mortos”. Num cemitério percebemos os mais ricos e os mais pobres, pelas campas, pelos jazigos. Pela sua organização e estrutura, percebemos um pouco da estrutura social dos vivos.

Contudo, o que é real (e voltando ao tema inicial) é o sofrimento da perda. Chorar e sofrer faz parte do luto. É necessário perceber o que se perdeu e fazer esse tempo de ajuste a uma nova realidade. O luto é necessário. No entanto, há casos em que não é feito. Não há percepção da perda. Há um agir continuado, um evitamento do sofrimento (muitas vezes o luto traz memórias dolorosas do passado), uma fuga ao sentimento que – mais tarde – se reflectirá na estabilidade emocional e no comportamento da pessoa. Por outro lado também há casos de luto patológico em que a pessoa apresenta dificuldades em sair desse estado de tristeza e revive a perda vezes sem conta. Ambos os casos são passíveis de acompanhamento e devem ser ajudados. Mais informações pelo e-mail consultas.psicologiaclinica@gmail.com ou pelo telefone 936783972.

* Psicóloga Clínica

2 comments:

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  2. Não querendo, de forma alguma, consulta gratuita, atrevo-me a pedir uma opinião de como sobreviver ao que me aconteceu. Um «case study», coisa insólita, diria eu, do alto dos meus 41 anos.
    Se se disponibilizar para apenas ler, ficar-lhe-ia eternamente grato.
    www.prometeuagrilhoadolx.blogspot.com

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