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Wednesday, November 4, 2009

Ciúme Patológico ou Síndrome de Otelo


Crónica Publicada no JORNAL DO PINHAL NOVO
COLUNA: DO OUTRO LADO DO ESPELHO

Já lá vai o tempo em que o ciúme era visto como expressão do chamado amor “romântico”. Na Idade Média, este amor também se manifestava através do ciúme, da posse da mulher amada, dos homicídios passionais. Apesar de ainda assistirmos a casos semelhantes (sim, e estamos em pleno século XXI), o facto é que este amor “romântico” do qual o ciúme patológico fazia parte, caiu em desuso. E apesar de ter caido em desuso, isso não significa que tenha sido erradicado mas sim que a sociedade não o vê mais como situação normal. Tal como o próprio nome nos indica, o ciúme patológico é doentio. Não se trata de uma expressão afectiva de amor mas de descompensação e de patologia. Como tal, a informação e o acompanhamento são necessários.

Entre os vários modos como se manifesta, os principais são os inúmeros telefonemas diários (não aceitando que, do outro lado, a vítima não possa atender); o implicar com decotes, maquiagem, perfumes (tudo isto lhes comprova que estão a ser traídos/as); as tentativas para que a vítima se contradiga e assim tenham motivo para justificar desconfianças; o seguir e perseguir a vítima; a contratação de detectives privados; a confirmação de facturas de telefone; a vigilância do e-mail e redes sociais; as ameaças, agressões e tentativas de homicídio e as ameaças frequentes de suicídio caso a vítima os/as deixe.

Na origem deste comportamento podem estar várias coisas. Em alguns casos o álcool assume grande parte da responsabilidade, sobretudo no nosso país em que o seu consumo é dos mais elevados em toda a Europa. O consumo de drogas, sobretudo a cocaína, também pode estimular alguns comportamentos semelhantes. O uso de anfetaminas ou medicação para emagrecer pode também provocar oscilações no humor. Estas oscilações provocam desequilíbrios que também se traduzem em manifestações de ciúme. No entanto, nem sempre a causa é de origem exterior ao sujeito. Muitas vezes tem origem na existência de Psicose (como a esquizofrenia) em que o ciúme assume contornos delirantes levando a situações insustentáveis. Deve a vítima procurar apoio junto de um Psicólogo ou de um Gabinete de Apoio à Vítima (APAV) e o/a ciumento/a procurar também ajuda especializada para que possa alterar o seu comportamento, solidificando a relação e sentindo-se mais feliz e confiante. O importante é lembrar que ciúme não é sinónimo de amor. O amor traduz-se em atitudes de compreensão, liberdade e respeito pelo espaço do Outro.

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