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Saturday, November 28, 2009

Lendas da Psicologia: Édipo


As personagens da mitologia grega exerceram sempre uma forte atracção sobre a cultura Ocidental. Entre elas, a figura de Édipo merece destaque especial pelo constante fascínio e pelas inúmeras interpretações de que foi objecto.
A primeira menção escrita à tragédia de Édipo aparece num trecho da Odisseia, de Homero mas a lenda, de origem provavelmente muito remota, inspirou outros autores antigos, cujos trabalhos se perderam. Sófocles, no século V a.C., narrou a história da personagem em três das suas obras mais notáveis: Édipo rei, Édipo em Colona e Antígona.

Édipo, cujo nome significa "o de pés inchados", era filho dos Reis de Tebas, Laio e Jocasta (a quem Homero chamou Epicasta). O oráculo do deus Apolo em Delfos profetizou que, quando chegasse à idade adulta, ele mataria o pai e se casaria com a mãe. Laio, horrorizado, ordenou que o filho fosse abandonado no bosque, com os tornozelos amarrados por uma corda. Um pastor encontrou a criança ainda com vida e levou-a a Corinto, onde foi adoptada pelo rei Políbio.

Já adolescente, Édipo ouviu também a profecia do oráculo e, acreditando-se filho de Políbio, fugiu de Corinto para escapar ao destino. No caminho, encontrou um ancião acompanhado de vários servos. Desentendeu-se com o viajante e matou-o, sem saber que era seu verdadeiro pai, Laio. Ao chegar a Tebas, Édipo encontrou a cidade desolada. Uma esfinge às portas da cidade propunha aos homens um enigma e devorava os que não conseguiam decifrá-lo. A rainha viúva, Jocasta, prometera casar-se com quem libertasse a cidade desse monstro. Édipo decifrou o enigma e casou-se com sua mãe, consumando a profecia.

Desse matrimónio nasceram quatro filhos: Etéocles, Polinice, Antígona e Ismene. Passado o tempo, uma peste assolou Tebas e o oráculo afirmou que só vingando a morte de Laio a peste cessaria. As investigações que se seguiram e as revelações do adivinho Tirésias demonstraram a Édipo e Jocasta a tragédia de que eram protagonistas. A rainha matou-se e Édipo vazou os próprios olhos e abandonou Tebas, deixando o seu cunhado Creonte como regente.

Acolhido em Colona, perto de Atenas, graças à hospitalidade do rei Teseu, Édipo morreu misteriosamente num bosque sagrado e converteu-se em herói protector da Ática. A maldição de Édipo transmitiu-se a seus filhos, que tiveram igualmente destino trágico.

A tragédia de Édipo ilustra a impossibilidade do homem lutar contra o destino, valor situado na base da mentalidade grega, formada sob a égide da mitologia até o advento da filosofia. No século XX, o compositor russo Igor Stravinski criou o oratório Édipo rei e os escritores franceses André Gide e Jean Cocteau retomaram o mito em obras literárias. Freud, criador da psicanálise, renovou o interesse pelo tema ao designar como "complexo de Édipo" uma fase crucial do processo de desenvolvimento normal da criança: o desejo de envolver-se sexualmente com o progenitor do sexo oposto, aliado a um sentimento de rivalidade em relação ao progenitor do mesmo sexo.

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